A primeira vez que ouvi falar sobre o Mont Saint-Michel foi quando eu era criança, em algum programa dedicado a viagens. Fiquei encantada e ao mesmo tempo intrigada com sua construção. Alguns anos se passaram e o meu noivo – agora esposo, propôs de conhecermos o lugar em nossa lua de mel. Agora irei compartilhar como é conhecer e se hospedar dentro do Mont Saint-Michel.
Rumo ao Mont Saint-Michel
O Mont Saint-Michel é com certeza um dos lugares mais magníficos em que já estivemos, ao avistá-lo, mesmo que distante, é impossível não se emocionar com a grandiosidade desta edificação do século VII. O local recebe anualmente cerca de 1,3 milhões de pessoas o que faz dele um dos pontos turísticos mais visitados da França.
A grande maioria dos turistas opta pelo passeio de um dia oferecidos por agências e com horários bem definidos, muitos já partindo de Paris. Para quem não gosta de passeios em grupos, outra opção muito utilizada é a ida de trem até Rennes, capital administrativa da Bretanha, e de lá pegar um ônibus na rodoviária que é ao lado da estação. De Paris (Gare Montparnasse) até Rennes você gastará 2 horas e o trajeto de Rennes até o Mont Saint-Michel durará aproximadamente 1 hora. Há ainda quem prefira ir de carro fazendo seu próprio roteiro e descobrindo as mais belas vilas francesas pelo caminho. Essa foi a nossa feliz escolha. Alugamos um carro em Rennes e partimos rumo ao Mont Saint-Michel com direito a várias paradas para conhecer as lindas cidades da Bretanha (veja aqui o nosso post).

Rumo ao Mont Saint-Michel – belíssimas estradas nos conduzem ao maravilhoso destino

Fougères – cidade da Bretanha que faz fronteira com a Normandia

Paradas estratégias para tirar fotos e mais fotos

Belas cidades – se escolher ir de carro, você correrá o risco de conhecer lugares incríveis e pouco conhecidos por turistas
Não é incomum as pessoas se confundirem quanto a localização do Mont Saint-Michel, na internet é possível encontrar sites apontando tanto para a Bretanha quanto para a Normandia, mas o que poucos sabem é que o monumento é palco de uma das mais famosas disputas do país, pois tanto normandos quanto bretões querem levar o título de detentor deste patrimônio mundial (reconhecido pela UNESCO em 1979). O último desdobramento desta disputa histórica ocorreu em 2017, quando o prefeito de Avranches (departamento da Mancha) não só criticou a presença da Montanha em cartões turísticos da Bretanha, como também fez uma denúncia sobre uma possível anexação.
Chegada ao Mont Saint-Michel
Os ônibus de turismo param praticamente na porta da cidade, mas quem optou por ir dirigindo tem que deixar o carro em um estacionamento que fica cerca de 2Km do Monte e pegar um ônibus (gratuito) que sai a cada 30 minutos. Como todo estacionamento, os valores variam de acordo com as horas de permanência e do tamanho do veículo, nós pagamos cerca de 24 euros (veículo médio).
Você também tem a opção de ir andando, porém, se assim como nós estiver indo para dormir, não é aconselhável encarar o percurso com malas. É importante ressaltar que mesmo o transfer não para exatamente na porta, você ainda terá que dar alguns passos, o que tem suas vantagens, pois é possível fazer fotos fantásticas do ponto em que o ônibus nos deixa.
#FICADICA: Na hora de escolher seu hotel, evite se hospedar nos mais distantes, ou seja, nos pontos mais altos, pois você enfrentará muitos degraus pela frente. Agora se o valor da diária estiver muito atraente, então leve seus pertences numa mochila e evite o desgaste físico. Adiante falaremos sobre a nossa escolha.

Ponto final do transfer – excelente local para fotos

Vista noturna – iluminação fabulosa
Entrando na cidade murada de Mont Saint-Michel
Entrar na cidade nos desperta uma sensação única, quase indescritível. Parece que de repente você voltou no tempo, a vontade que dá é de olhar cada detalhe, dos portões às pedras das casas, tudo é muito interessante e digno de admiração.
A primeira rua é a principal, e alguns passos adiante as lojinhas cheias de souvenirs nos faz acordar e voltar para a realidade, mas basta entrar em uma delas para se sentir novamente submerso na história local. Há lembrancinhas para todos os gostos e bolsos passando pelos tradicionais ímãs de geladeira e cartões postais a enfeites mais caros de temática medieval.

Ponte levadiça – comum na Europa da idade média, sendo muito utilizada para proteger castelos.

Entrada da cidade – já na entrada, La Mère Poulard, pousada e restaurante muito conhecido e que recebe o apelido de Anne Boutiaut (A mãe Poulard), famosa cozinheira que viveu no Mont Saint-Michel.

Visão privilegiada – Construções medievais com vista espetacular para a baía

Souvenirs medievais – para todos os gostos, tamanhos e bolsos

Távola Redonda – 90 Euros
Como chegamos no final da tarde, apenas caminhamos pela rua principal e em seguida fomos para o hotel descansar, afinal, o dia seguinte seria reservado para conhecer melhor a cidade e é claro, a abadia.
Hospedagem no Mont Saint-Michel
Quando o assunto é hospedagem no Mont Saint-Michel, não há meio termo, ou paga-se caro ou não há hospedagem. Por se tratar de um local com número reduzido de hotéis, os preços são elevados e as acomodações muitas vezes deixam a desejar. Há diversos relatos na internet de turistas decepcionados, reclamando dos preços “abusivos”, da falta de conforto e ausência de amenidades. Nós por exemplo, demoramos a nos decidir, pois dedicamos um bom tempo a leitura das avaliações de praticamente todos os tipos de acomodações disponíveis e felizmente não nos arrependemos, pois escolhemos um hotel bem localizado e com uma tarifa justa comparado aos demais. Ficamos hospedados no Auberge Saint Pierre que atendeu muito bem as nossas necessidades. O quarto, como já era de se esperar, não era amplo, mas muito confortável.
A magia não está no luxo ou nas amenidades, mas sim na possibilidade de dormir num local histórico.

Auberge Saint-Pierre – propriedade do século XIV no estilo enxaimel preserva detalhes originais e tem uma decoração rústica que te faz penetrar na atmosfera medieval.

Restaurante do hotel – são servidas iguarias da região, como o gigot d’agneau (pernil de carneiro)

Hydromel – bebida citada em obras de autores como J.R.R.Tolkien, George R. R. Martin, J. K. Rowling
O que fazer no Mont Saint-Michel⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀
A maior atração do Mont Saint-Michel sem dúvidas é a abadia que dá o nome ao local, na qual iremos falar adiante, mas poucos sabem que há quatro museus em seu interior, são eles: museu histórico, arqueológico, de ecologia e o Tiphaine.

Abadia – principal atração

Abadia do Mont Saint-Michel
Próximo a abadia há um mirante belíssimo, de onde é possível tirar fotos incríveis, na verdade, no Mont Saint-michel há inúmeros pontos maravilhosos para fotos. Ao retornar à abadia é possível avistar um pequeno jardim, provavelmente utilizado pelos monges.

Mirante – a mais bela vista da baía

Jardim – Provavelmente frequentado há séculos pelos monges

Abadia – todos os ângulos garantem fotos incríveis
No caminho para a abadia fica um cemitério, eu sei que pode soar um pouco macabro, mas é interessante conhecê-lo, olhar suas lápides e saber um pouco mais sobre os antigos moradores deste local tão peculiar. Na grande maioria estão enterrados freiras e padres, mas um em especial nos chamou atenção, nele estão enterradas crianças vítimas da Primeira Guerra Mundial.

Triste memória – túmulo de crianças mortas na Primeira Guerra Mundial
Se você for passar um tempo maior ou até mesmo se hospedar no Mont Saint-Michel, a dica é escolher um bom restaurante e fazer uma refeição típica da região. No hotel onde nos hospedamos por exemplo, eles servem uma sopa de frutos do mar que é preparada da mesma forma desde a era medieval.

Restaurante do Hotel Auberge Saint-Pierre – iguarias da região
História do Mont Saint-Michel
O Mont Saint-Michel com certeza é um local que antes de visitar vale a pena conferir sua história. Os peregrinos que chegam dos mais diferentes locais do mundo, sabem a respeito de sua origem espiritual, mas para os não religiosos pode soar um tanto quanto mítica.
Acredita-se que inicialmente o monumento megalítico tenha sido utilizado para cultos pagãos, entretanto, sua história começa a ganhar notoriedade a partir do ano de 708, quando o Bispo de Avranches, Saint-Aubert, decide construir um santuário em homenagem ao arcanjo que aparece em seus sonhos, o arcanjo Saint-Michel, conhecido por nós brasileiros como São Miguel arcanjo. É importante ressaltar que o Monte nem sempre teve o nome em homenagem ao arcanjo, já foi chamado de Monte Tombé e na idade média por Monte São Miguel em Perigo do Mar (Mons Sancti Michaeli no marido periculo).

Mont Saint-Michel no passado – Presença do monte em um mapa do século XVIII

Mont Saint-Michel – no passado utilizado para cultos pagãos, hoje é um dos santuários católicos mais visitados da Europa

Saint Michel – arcanjo que leva o nome do santuário

São Miguel Arcanjo – conhecido por ser vencedor de batalhas espirituais
Um outro ano importante não somente para o santuário, mas para toda a região que hoje o Mont Saint-Michel pertence, foi o de 911, onde o rei francês Carlos III, o Simples, concedeu através do tratado de Saint-Clair-sur-Epte o ducado da Normandia ao viking Hrolf, também conhecido por Rollon. Retratado na série Vikings do History Channel apenas por Rollo, na trama ele interpreta o irmão de Ragnar Lothbrok, o que não é verídico. Com este acordo Rollon tornou-se vassalo do rei, converteu-se ao cristianismo e garantiu a tão almejada paz a região que recebeu diversas incursões vikings, uma delas culminou no cerco à Paris em 886.

Vikings – na série, Rollo (à esquerda), interpreta o irmão “traiçoeiro” de Ragnar.

Rollon – estátua em homenagem ao guardião Viking na cidade de Falaise, França
Leia também: A História real de Rollo da série Vikings
Os monges beneditinos instalados aí desde 966 traduziam textos de Aristóteles e as relíquias atraíam os fiéis em busca de espiritualidade.⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀ ⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀ ⠀
No reinado de Luís XI, o local tornou-se uma prévia da prisão de Alcatraz na França, no qual recebeu prisioneiros até 1860. A Revolução Francesa prendeu aí os resistentes. Victor Hugo, apaixonado pelo local, fez parte dos personagens importantes que impulsionaram seu fechamento.
Mont Saint-Michel e a sétima arte⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀⠀
Não é segredo que somos apaixonados por cinema. A sétima arte realmente nos fascina, inclusive gostamos de ver filmes durante o planejamento de nossas viagens. Um dos filmes que encontramos mostra tão bem o local que quando você finalmente o visita já se sente em casa, seu nome é Ponto de mutação (Mindwalk), este é um filme de 1982, mas que nunca poderá ser tratado apenas como um filme antigo, as questões que o trio de atores principais levantam e dialogam no decorrer da trama não poderiam ser mais atuais, eles passam por assuntos políticos, consumo inconsciente e consciente, papel da ciência e do ser humano frente aos problemas globais se contrapondo através de uma abordagem sistêmica e mecanicista.

Ponto de Mutação (Mindwalk, Triton Pictures, 1982) – inspirado no livro homônimo de Fritjof Capra, questões sobre a importância do pensamento crítico e sistêmico são levantada durante todo o filme.
Nossa outra dica cinematográfica é bem menos intelectual, mas é muito mais conhecida que a anterior, a animação Enrolados (Tangled, 2011) da Disney foi buscar inspiração para o reino da família de Rapunzel no Mont Saint-Michel. A história é bem popular entre os pequenos, mas se você gosta de animação e pretende ir conhecer o santuário, por que não aproveitar para assisti-la?

Enrolados (Tangled, Walt Disney Pictures, 2011) – Comparação do reino de Rapunzel e o Mont Saint-Michel

Nossa ovelhinha viajante se despende…Au revoir
Conheça mais deste patrimônio mundial da UNESCO através do nosso vídeo.
Leia também: Como é passar o Réveillon em Paris e com criança?!
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3 comments
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